6 de junho de 2009

As palavras / Eugénio de Andrade


As palavras
São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?



2 comentários:

fred girauta disse...

oi carmem,
fiz um clipoema por sugestão sua:
http://triagem.blogspot.com/2009/06/ourobouros.html

beijo!

RUBENS GUILHERME PESENTI disse...

oi, menina,

demoro, mas sempre apareço... rs rs rs... e me embeço no que faz e no que nos dá.
beijão.