31 de dezembro de 2010

12 de dezembro de 2010

Emily Dickinson



 


A word is dead

When it is said,

Some say.

I say it just

Begins to live

That day.



Uma palavra morre

Quando é dita —

Dir-se-ia —

Pois eu digo

Que ela nasce

Nesse dia.



Tradução: Aíla de Oliveira Gomes





13 de novembro de 2010

constelação



do sul emerge

hemisfério celestial

constelação.

céu de outubro

caixa de jóias

sagitário e leão.

aglomeram-se estrelas

e, douradas,

nebulosa na escuridão.




8 de novembro de 2010

crepinstantes



Imagens digitais criadas a partir de fotografias da palavra crepitantes (utilizada por Adrian em comentário no meu blog), representada graficamente com tinta acrílica vermelha s/ papel sulfite.






15 de outubro de 2010

Alice (Adulto) - Grupo Gaia Dança Contemporânea



O espetáculo  Alice  foi apresentado em 2006, 2008 e 2009 no Cine Theatro Ypiranga em Porto Alegre e os vídeos são do canal de Diego Mac, um dos criadores do Grupo Gaia, no YouTube.

Luz: Carmem Salazar








15 de agosto de 2010


VERDADE
        
       
Drummond


A porta de verdade estava aberta,
mas só deixava passar meia pessoa de cada vez.

Assim, não era possível atingir toda a verdade,
Porque a meia pessoa que entrava
Só trazia o perfil da meia verdade.
E sua segunda metade
Voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.

Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
Onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
Diferentes uma das outra.

Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
Seu capricho, sua ilusão, sua miopia.




5 de agosto de 2010

Dar Carne à Memória


Luz: Carmem Salazar


De um à Cinco – Viviane Lencina e Luciano Tavares – Foto de Lícia Arosteguy

Ser Animal com Eduardo Severino – Foto de Sofia Schul

Tons (Do Branco) – Tatiana Rosa – Foto de Sofia Schul

O solo Caixa de Ilusões, com Monica Dantas. Foto de Sofia Schul



4 de julho de 2010

Partículas da Pintura


Processo de trabalho realizado na disciplina Pintura Avançada, do curso Bacharelado em Artes Visuais/Universidade Feevale.

Acrílica s/ tela e Fotografia Digital

Orientação: Prof. Me. Clóvis Martins Costa

2010 / I

clique no álbum para abrir:

3 de julho de 2010

DA PINTURA



DISTÂNCIA DA PINTURA

MEDO DA PINTURA

ENVOLVIMENTO DA PINTURA

MISTURA DA PINTURA

GESTO DA PINTURA

SUJEIRA DA PINTURA

CORPO DA PINTURA

GOSTO DA PINTURA

SILÊNCIO DA PINTURA

PARTÍCULAS DA PINTURA

SUMO DA PINTURA

DESEJO DA PINTURA




4 de junho de 2010

UMA


Uma tem forçado a porta,
pedindo pra entrar.
Outra tem errado com as palavras,
pedindo pra sair.

Pra uma entrar, outra tem que existir.


22 de maio de 2010

11 de maio de 2010

9 de maio de 2010

Martha Medeiros


Para minha mãe, Francisca.


para a mãe que desabrocha, rosa
para a mãe que bem-me-quer, margarida
para a mãe que gosta de champanhe, tulipa
para a mãe que gosta de orquestra, orquídea
para a mãe que é um violão, violeta
para a mãe que não dorme, girassol
para a mãe que trabalha, sempre-viva
para a mãe que defende, boca-de-leão
para a mãe que é linda, lírios
para a mãe que gera, gerânios
para a mãe que ama, amor-perfeito


CARTAS EXTRAVIADAS e outros poemas - L&PM, 2010.

25 de abril de 2010

LUZCIDEZ


Visual inspirado na conceituação feita por  AL-Chaer sobre seu poema SOLUA, postado em 17/04/10 lá no blog do artista:







21 de abril de 2010

dois passos


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18 de abril de 2010

Exposição Outros Lugares



insônia
Carmem Salazar
Poema visual
Impressão digital s/ papel fotográfico metálico
0,90 x 0,90 cm

Travessa dos Venezianos, no Bairro Cidade Baixa em Porto Alegre, onde situa-se a
sede da Associação Riograndense de Artes Plásticas Francisco Lisboa. 


3 de abril de 2010



O Projeto Outros Lugares inaugura a série de exposições do Espaço Cultural Chico Lisboa em 2010. Valoriza a produção jovem e contemporânea e apresenta artistas de cinco universidades do estado do Rio Grande do Sul. A curadoria é de professores destas universidades, convidados pela Chico Lisboa. A exposição inaugural, de caráter itinerante, será apresentada em todas as universidades e cada universidade realizará, no decorrer do ano, uma exposição no Espaço Cultural Chico Lisboa. Através dessas exposições, a Chico Lisboa expande o campo de atuação e de difusão da arte contemporânea no Rio Grande do Sul, aproxima os estudantes de Artes Visuais do interior e da capital, oportuniza a interação e expressa o desejo constante de um importante diálogo entre os artistas, associados e a comunidade.

27 de março de 2010

Palavras de Diego de Menezes Dourado


Texto de apresentação para o Encontro com a Poesia Visual


O que significa a palavra? Pra que serve a palavra? Trata-se apenas de um conjunto de morfemas, uma função semântica, uma unidade da linguagem falada ou escrita? Palavra cruzada, palavras de amor, palavra cantada, palavra encantada, palavrão, palavra palavra? O que existia antes da palavra, a voz, o silêncio? E antes do silêncio, o que existia?

Bem, a palavra possui muitas propriedades visuais. Que revelam um rompimento com a forma discursiva da sua origem. Uma tensão que nos leva a perceber sua dimensão plástica: técnica, volume, cor, espacialidade, dimensão, forma, repetição, poética e outros atributos mais. Um poema, necessariamente, não precisa ser lido. Em Mallarmè, por exemplo, podemos vê-lo dançando no espaço.

A palavra além da sua significação possui, também, uma condição matérica, substâncias sólidas como a "pedra no meio do caminho", de Drummond. Vejam como esse poema é pura imagem, informação de um símbolo, fenômeno de um código. Verbalmente, podemos levar essa mesma questão a outros grandes poetas como Ferreira Gullar e João Cabral de Mello Neto, que se preocuparam com a questão da sonoridade, repetição e espaço da palavra.

A palavra e a imagem são uma intersecção, uma intersecção, uma "rua de mão dupla" onde os signos, verbais ou não verbais, traçam uma linha muito tênue entre uma e outra, Então o que é Poesia Visual? É um produto plástico ou subproduto literário? Não há uma resposta exata.

Na Antiguidade, na obra "Odisséia", sequência de "Ilíada", de Homero, já podemos perceber a palavra como estrutura sigificativa para um rol de imagens. Nas culturas orientais, muito acentuadamente, vemos por meio da Caligrafia o status da imagem.

A palavra é escrita, mas também desenhada. E muitas vezes, por conta da educação fomal com que a aprendemos, não nos damos conta desta segunda propriedade que incita o nosso pulso. É por meio da caligrafia que podemos reconhecer a carta de alguém ou admirar a sua forma. A assinatura e os garranchos também são desenhos.

"Um poema pode ter forma, tal qual uma árvore tem". A palavra quando incorpora um corpo também incorpora as propriedades formais ou informais deste corpo. Podemos ver isto nos poemas objeto de Joan Brossa ou nas suas instalações e intervenções públicas, que trazem à tona as possibilidades de explorar o material e a matéria que a palavra possui. De edificar uma idéia plástica através da escrita.

A Poesia Concreta (70), baseada em princípios experimentalistas, nos mostra a atomização da palavra e a criação de outros significados: o aspecto gráfico da letra, da cor e da disposição reunindo artistas plásticos, músicos e poetas em torno da questão da leitura visual.

O teatro, por exemplo, é a "corporificação" da palavra. A palavra cênica, transitável. Quando o suporte da palavra deixa de ser o papel e vai pro vídeo ou pra performance, chegamos à ilimitada fronteira misteriosa da imaginação. Onde a linguagem é "destruída" para criar dificuldades, pelo menos maiores, de se arriscar. Artistas como Wally Salomão, Hélio Oiticica, Torquato Netto e, atualmente, Arnaldo Antunes, com livros de artista e experiências sonoras mostram o afrouxamento da impossibilidade. Vejam, por exemplo, as partituras para quem não sabe lê-las tal qual os músicos. Tornam-se signos visuais. Se pararmos para pensar, se não sabemos o que uma palavra significa, o que acontece? Ela volta a ser gráfica. por isso, insisto na idéia de que para compreender melhor a Poesia Visual, precisamos nos desvencilhar da educação formal. Para perceber a palavra como um fator também pictórico e não, tão sómente, oral ou linguístico.

A palavra é um elemento que possui elasticidade expressiva. Que pode usufruir de outra mídias para ser veiculada e recriada. Grupos como o "Chelpa Ferro" são exemplares nesse sentido, pois fazem shows de música e falam de poesia e pintura ao mesmo tempo. Temos, por exemplo, artistas como Leonilson e Myra Schendel, trabalhando com a questão espacial e representativa da palavra como imagem.

Por fim, o que posso dizer é que a palavra e a imagem não são duas coisas tão diferentes assim. E que mesmo que suas origens tenham sido, no decorrer do tempo, construídas de maneiras diferentes, ambas derivam-se no final.



Diego de Menezes Dourado é artista visual, escritor e poeta e é natural de São Luiz, Maranhão.



18 de março de 2010

15 de março de 2010

Palavras de Waltercio Caldas


Meio Alto, uma das imagens do livro Salas e Abismos, de Waltercio Caldas.

"Boa parte dos artistas reagiu sempre à apropriação ideológica dos mecanismos da possibilidade poética da expressão artística. Por outro lado, se o artista tem alguma função, seria a de melhorar a qualidade do desconhecido.

Acho que toda ideia parte de um lugar só: do nada, do desconhecido. Quando você pensa a respeito de alguma coisa, um pequeno sintoma pode trazer uma imagem que vai se transformar em algo que exista. Tudo começa com uma sensação e um pensamento relacionado. O momento de união da sensação com o pensamento, a reciprocidade, talvez seja o centro do começo da obra de arte."


Waltercio Caldas, um dos maiores artistas plásticos brasileiros reconhecido internacionalmente, em entrevista à Revista Cultura, falando sobre a função de denúncia na arte e o método em seu processo criativo.


A profunda discussão sobre a linguagem da arte, tema central da poética criada por Waltercio, é abordada em seu livro Salas e abismos (mesmo nome de sua mais recente exposição itinerante) lançado em fevereiro, no Brasil.


Leia a entrevista na íntegra:


Fonte: Revista Cultura - Edição 32 / Março de 2010