15 de agosto de 2010


VERDADE
        
       
Drummond


A porta de verdade estava aberta,
mas só deixava passar meia pessoa de cada vez.

Assim, não era possível atingir toda a verdade,
Porque a meia pessoa que entrava
Só trazia o perfil da meia verdade.
E sua segunda metade
Voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.

Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
Onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
Diferentes uma das outra.

Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
Seu capricho, sua ilusão, sua miopia.




4 comentários:

myra disse...

minha linda Carmen, que bom que colocou estes versos de C.Drummond!pqe assim eu releio ele....que tanto gosto e meus livros estao em outro pais, na Holanda e aqui nao encontro livros em portugues!!!
beijos e saudades

Carmem Salazar disse...

Maravilha, Myra...

um grande beijo.

João Gabriel Lehmann disse...

muito bom .. esse cara é gênio !
bjs tia carmem

Carmem Salazar disse...

é um orgulho ter teu comentário aqui, João. um sobrinho que eu admiro e amo tanto.

bjs!