4 de dezembro de 2009

A arte é uma ação


"A arte, para mim, é um agir, não é uma brincadeira, é uma ação. Respeito os grandes artistas e tenho uma admiração pelas conquistas humanas que eles realizaram. Para mim, eles são maiores do que qualquer imperador, conquistador ou general, que só sabiam destruir e matar. Os artistas enriquecem a humanidade.

Qualquer expressão contém o elemento estético e o ético, como na própria vida. Por isso acho que se pode ensinar técnicas, mas não se pode ensinar arte. Fazer arte consiste justamente em a técnica ser absorvida pela forma expressiva.  Esse é um salto que o artista tem de dar sózinho.


Na escola aprende-se gramática, mas não como fazer uma poesia. No ensino da arte acontece o mesmo.
Mas as poesias também são depoimentos éticos. Nelas existe um conteúdo expressivo que fala sobre os valores humanos, as esperanças, uma série de coisas está presente na poesia, assim como está presente na forma abstrata.


É claro que a técnica também é importante, é preciso dominar uma técnica para poder criar, para improvisar formas. Assim como é preciso saber gramática para fazer uma poesia é preciso saber chinês para fazer uma poesia em chinês.


Evidentemente, cada técnica tem um certo conteúdo espressivo específico. Uma pintura a óleo é uma pintura a óleo. Não é uma aquarela. É preciso conhecer as possibilidaes técnicas para poder formular uma expressão."

Fayga Ostrower 


Artista polonesa, nascida em 1920 na cidade de Lodz, radicada no Brasil desde os 13 anos, foi gravadora, pintora, desenhista, ilustradora, teórica de arte e professora. Faleceu no Rio de Janeiro em 2001.


Entrevista em SENAC. Oficinas: gravura
Ed Senac Nacional, 1999



11 comentários:

laerth motta disse...

estive com Fayga em Curitiba, no casarão do barão onde havia um atelie publico de gravura muito bom.
Ela era de mais, sinto saudades...
beijo grande

laerth motta disse...

aproveito para te pedir que de uma olhada no blog "varal de idéias" nos meus links, e leia sobre Marcello Grassmann
um apelo emocionante...

Carmem Salazar disse...

puxa, Laerth, que bacana saber que tivestes a oportunidade de conhecer e conviver com uma artista e educadora como a Fayga... deve ter sido bastante significativo para a tua experiência artística.
já li alguns depoimentos do Grassmann, sobre desenho, e são realmente emocionantes. vou lá no varal dar uma olhada, sim.

beijo pra ti, tbém.

myra disse...

voce tem TODA a razao!!!! eu conheci a Fayga, era uma gravadora fantastica, nao sabia que ja nao esta mais...pena... e voce escreve tao bem!
beijos

myra disse...

bem eu li tao rapido que pensei que foi vc, que escreveu, agora vi que era fayga...
mas tanto vc. como eu pensamos como ela, nao é?
mais um beijo

Thania Klycia disse...

Belíssima citaçao, repleta de sensibilidade e verdade. Acho importante o artista pensar a própria arte,no sentido de racionalizá-la.Sempre bom ler palavras que contenham um significado útil.
Bjo grande pra voce.

Carmem Salazar disse...

Sim, Thania, a importância da reflexão e da organização do pensamento imprimindo qualidade à ação artística. Que bom ter tuas palavras por aqui.

bjo grande!

Luciano disse...

Ótimo texto, ótimas reflexões. Arte em vida, vida em arte.
Tava com saudades de passar aqui.
Bj menina.

Adrian Dorado disse...

Extraordinario el texto que deja ver toda la lucidez que, por doquier, despliega la práctica del arte. Precisamente por estas epifanías es que los regímenes reaccionarios persiguen a los artistas ante quienes se saben verdaderas cucarachas (baratas)
Muy interesante, como siempre, tu blog Carmen
Besos

myra disse...

saudades...
bom fim de semana, para voce, bjs

AL-Chaer disse...

Carmem,

vALeu demais ler estes trechos de Fayga Ostrower...

...mais uma ótima reflexão para todos nós.

AL-Braços
AL-Chaer